Momentos agradáveis não são felicidade
Colecionando momentos, esperando a paz
Acho que demorei a entender que ter momentos agradáveis não significa, necessariamente, estar feliz vivendo aquilo. Às vezes, levamos tempo demais para perceber isso, né? E, nesse intervalo, esses pequenos momentos acabam nos prendendo a lugares, relações e situações nas quais, no fundo, talvez nem precisássemos estar.
Pensei muito nisso quando olhei para alguns relacionamentos que vivi, para certos trabalhos que realizei. Eles não despertavam paixão, nem amor, nem envolvimento; tampouco a famosa química. Havia momentos agradáveis, pessoas agradáveis… mas a soma de tudo não era felicidade, a conta não era lá muito exata. E então me perguntei: o que é essa tal felicidade?
Será que é apenas esse conforto passageiro de estar em um lugar agradável? Ou será que é a ausência completa da ansiedade e dos incômodos da vida, mesmo sabendo que eles nunca desaparecem totalmente? Não é uma lógica exata, eu sei.
Comecei a me questionar sobre isso ao perceber que não estava feliz em alguns lugares em que estava, com algumas pessoas específicas ou fazendo certas coisas. E a contradição era justamente essa: havia risos, leveza, momentos fáceis e cômodos. Mas quando tudo era somado, a ansiedade, a ausência de plenitude, a falta de paz, elas permaneciam ali; como um espaço vazio e incômodo, sempre à espera de algo que nunca chegava.
Então pensei: será que esses momentos agradáveis não são também distrações? Quanto mais nos distraímos, mais nos afastamos da possibilidade de encontrar uma alegria que dure mais do que alguns instantes ou uma paz que se instale, mesmo que silenciosa, no coração.
Talvez poucos consigam, de fato, sentir essa paz. Poucos se libertam da ansiedade de se perguntar: “Será que estou fazendo as escolhas certas?”, “Será que esse é o caminho para mim?”, “Será que sou feliz ou apenas estou distraído pelos momentos agradáveis?”, “Será que algum dia vou olhar para trás e pensar: ‘Sim, tracei caminhos que me fizeram feliz’?”, “Estive com pessoas que me fizeram evoluir, crescer, transcender; e eu também fui parte da evolução delas?”.
Será que esse dia virá? E se vier, será que vou estar feliz? Pleno? Ou será que, mesmo então, tudo continuará sendo uma dúvida?
A resposta, talvez, seja um grande “não sei”. Pode ser que sim, pode ser que não, pode ser que esse dia nunca chegue. Mas quanto mais me vejo nesse lugar de perguntas, mais começo a questionar se tudo o que vivi fez sentido. E se, afinal, precisa mesmo fazer sentido.
E é nesse pensamento que me pego, mais uma vez, distraído, lembrando dos momentos agradáveis. Às vezes nos apegamos demais a eles: o primeiro encontro inesquecível que não teve segundo capítulo; as mensagens que cessam; o brilho nos olhos da conexão que se transforma no brilho da saudade. Ficamos presos à esperança de que a pessoa volte a ser aquilo, que o momento volte a acontecer, que a lembrança se torne realidade.
O mesmo acontece com o trabalho. A rotina é monótona, mas há momentos especiais: uma promoção, um desafio superado, uma conquista. E nesses instantes pensamos: “É isso. Valeu a pena estar aqui. Isso me faz feliz”. Mas e quando isso acontece raramente? Talvez estejamos no lugar errado. Talvez estejamos confundindo momentos agradáveis com felicidade e plenitude.
Com as amizades, a lógica se repete: rimos juntos, criamos boas memórias, dividimos histórias. Mas depois a pessoa some, não responde mais, se distancia. E nos perguntamos: “O que mudou? Será que um dia voltaremos a ser o que fomos?”. Será que, ao tentar reviver o que já passou, não nos colocamos no papel de museólogos: colecionando relíquias do que já foi, guardando momentos como preciosidades intocáveis? Talvez essa vontade de reviver o passado seja apenas medo do desconhecido.
E então surge a grande pergunta: o que é um momento agradável e o que é felicidade? O que estou fazendo com essas experiências? Será que estou moldando minha vida em torno de migalhas de bem-estar? Será que estou desperdiçando tempo, e será que esse tempo sequer existe?
Essas dúvidas permanecem sem resposta. Elas vivem em mim, inquietas, e eu não sei o que fazer com elas. E, num mundo que exige propósito para tudo, ter sentimentos confusos e indefinidos nos faz sentir culpa, como se estivéssemos presos a algo que não conseguimos nomear.
Apesar de tudo, aprecio esses momentos agradáveis. Dou valor a eles. Mas sinto falta da felicidade. Sinto falta da paz. Sinto falta de uma ansiedade reduzida a quase nada. Sinto vontade de viver coisas que nem sei nomear, mas que pressinto que seriam boas para mim. Talvez eu sinta saudades e desejos de coisas que nem sequer existem, e talvez isso seja importante. Porque é essa inquietude que me move a procurar motivos, caminhos e significados para tentar ser feliz.
E, no fim, me pergunto: será que a felicidade existe, ou será apenas uma quimera? Será que um dia eu serei capaz de responder a essa pergunta? Você, no seu universos de tentativas de ser feliz, consegue responder?
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| foto: ótica cotidiana |
Acho que demorei a entender que ter momentos agradáveis não significa, necessariamente, estar feliz vivendo aquilo. Às vezes, levamos tempo demais para perceber isso, né? E, nesse intervalo, esses pequenos momentos acabam nos prendendo a lugares, relações e situações nas quais, no fundo, talvez nem precisássemos estar.
Pensei muito nisso quando olhei para alguns relacionamentos que vivi, para certos trabalhos que realizei. Eles não despertavam paixão, nem amor, nem envolvimento; tampouco a famosa química. Havia momentos agradáveis, pessoas agradáveis… mas a soma de tudo não era felicidade, a conta não era lá muito exata. E então me perguntei: o que é essa tal felicidade?
Será que é apenas esse conforto passageiro de estar em um lugar agradável? Ou será que é a ausência completa da ansiedade e dos incômodos da vida, mesmo sabendo que eles nunca desaparecem totalmente? Não é uma lógica exata, eu sei.
Comecei a me questionar sobre isso ao perceber que não estava feliz em alguns lugares em que estava, com algumas pessoas específicas ou fazendo certas coisas. E a contradição era justamente essa: havia risos, leveza, momentos fáceis e cômodos. Mas quando tudo era somado, a ansiedade, a ausência de plenitude, a falta de paz, elas permaneciam ali; como um espaço vazio e incômodo, sempre à espera de algo que nunca chegava.
Então pensei: será que esses momentos agradáveis não são também distrações? Quanto mais nos distraímos, mais nos afastamos da possibilidade de encontrar uma alegria que dure mais do que alguns instantes ou uma paz que se instale, mesmo que silenciosa, no coração.
Talvez poucos consigam, de fato, sentir essa paz. Poucos se libertam da ansiedade de se perguntar: “Será que estou fazendo as escolhas certas?”, “Será que esse é o caminho para mim?”, “Será que sou feliz ou apenas estou distraído pelos momentos agradáveis?”, “Será que algum dia vou olhar para trás e pensar: ‘Sim, tracei caminhos que me fizeram feliz’?”, “Estive com pessoas que me fizeram evoluir, crescer, transcender; e eu também fui parte da evolução delas?”.
Será que esse dia virá? E se vier, será que vou estar feliz? Pleno? Ou será que, mesmo então, tudo continuará sendo uma dúvida?
A resposta, talvez, seja um grande “não sei”. Pode ser que sim, pode ser que não, pode ser que esse dia nunca chegue. Mas quanto mais me vejo nesse lugar de perguntas, mais começo a questionar se tudo o que vivi fez sentido. E se, afinal, precisa mesmo fazer sentido.
E é nesse pensamento que me pego, mais uma vez, distraído, lembrando dos momentos agradáveis. Às vezes nos apegamos demais a eles: o primeiro encontro inesquecível que não teve segundo capítulo; as mensagens que cessam; o brilho nos olhos da conexão que se transforma no brilho da saudade. Ficamos presos à esperança de que a pessoa volte a ser aquilo, que o momento volte a acontecer, que a lembrança se torne realidade.
O mesmo acontece com o trabalho. A rotina é monótona, mas há momentos especiais: uma promoção, um desafio superado, uma conquista. E nesses instantes pensamos: “É isso. Valeu a pena estar aqui. Isso me faz feliz”. Mas e quando isso acontece raramente? Talvez estejamos no lugar errado. Talvez estejamos confundindo momentos agradáveis com felicidade e plenitude.
Com as amizades, a lógica se repete: rimos juntos, criamos boas memórias, dividimos histórias. Mas depois a pessoa some, não responde mais, se distancia. E nos perguntamos: “O que mudou? Será que um dia voltaremos a ser o que fomos?”. Será que, ao tentar reviver o que já passou, não nos colocamos no papel de museólogos: colecionando relíquias do que já foi, guardando momentos como preciosidades intocáveis? Talvez essa vontade de reviver o passado seja apenas medo do desconhecido.
E então surge a grande pergunta: o que é um momento agradável e o que é felicidade? O que estou fazendo com essas experiências? Será que estou moldando minha vida em torno de migalhas de bem-estar? Será que estou desperdiçando tempo, e será que esse tempo sequer existe?
Essas dúvidas permanecem sem resposta. Elas vivem em mim, inquietas, e eu não sei o que fazer com elas. E, num mundo que exige propósito para tudo, ter sentimentos confusos e indefinidos nos faz sentir culpa, como se estivéssemos presos a algo que não conseguimos nomear.
Apesar de tudo, aprecio esses momentos agradáveis. Dou valor a eles. Mas sinto falta da felicidade. Sinto falta da paz. Sinto falta de uma ansiedade reduzida a quase nada. Sinto vontade de viver coisas que nem sei nomear, mas que pressinto que seriam boas para mim. Talvez eu sinta saudades e desejos de coisas que nem sequer existem, e talvez isso seja importante. Porque é essa inquietude que me move a procurar motivos, caminhos e significados para tentar ser feliz.
E, no fim, me pergunto: será que a felicidade existe, ou será apenas uma quimera? Será que um dia eu serei capaz de responder a essa pergunta? Você, no seu universos de tentativas de ser feliz, consegue responder?
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