Match, tédio, trauma: a trilogia dos relacionamentos em 2025?
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o tédio bate e as relações surgem? | foto: oticacotidiana - feito com IA |
Talvez uma das nossas maiores dúvidas hoje, em pleno 2025, seja esta: como se relacionar numa era em que os relacionamentos são tão descartáveis, com tanta gente disponível para o fácil e o carnal — e indisponível para o que vem depois do segundo date ou do momento em que os olhos realmente se encontram.
No meio disso tudo, chega uma mensagem quase sussurrada no ouvido, quando aquela notificação aparece: “será que estou realmente gostando dessa pessoa ou só estou entediado?”. Em bom internetês: é uma fic ou realidade?É louco pensar que podemos ter perdido nosso próprio termômetro emocional para identificar a verdade nas trocas com os outros. Não é que não saibamos: lá no fundo, sabemos. Mas nossos medos, bloqueios e ansiedades formam nuvens que confundem a clareza e a racionalidade de entender o que realmente sentimos e quais são os próximos passos. Além disso, a maioria das pessoas nem cura nem busca entender seus B.O.s emocionais.
Outro dia, me peguei pensando: “Será que estou gostando de alguém, ou só estou entediado da minha própria vida?” E nem é por falta do que fazer... Mas sabe como é, né? Num domingo qualquer, enquanto o filme carrega na Netflix, surge uma notificação que pode gerar alguma coisa. A partir daí, começamos a nos perguntar se essa é uma faísca real, capaz de virar fogo.
E aí parei para observar meus padrões e percebi que pode haver as duas coisas. Tem também outra questão: o amadurecimento nos relacionamentos. Quando conhecemos alguém novo, dificilmente será como as primeiras vezes, quando tínhamos 17, 18 anos e o coração parecia que ardia de verdade. Lembro de uma vez em que senti isso: literalmente, parecia que o coração queimava. Hoje, não tem mais aquele frescor — e quando aparece, tentamos matar logo, porque, nesse mundo racional em que estamos tentando sobreviver, ter uma faísca no coração é um risco contra a esperança de construir algo com o outro.
Nessa era dos joguinhos, em que todo mundo está jogando, mas ninguém sabe se está ganhando ou perdendo, não dá para viver esse sentimento inteiro, nem deixar queimar e se jogar. Então fico pensando: será que muitos dos nossos envolvimentos emocionais são fruto do tédio? Daquela fase em que estamos vulneráveis, mais abertos a alguma coisa, e começamos a criar um sentimento que talvez nem deveria existir? Ou que, quando o tédio passar, vai simplesmente evaporar?
E vem outra pergunta: será que as pessoas estão entediadas e por isso descartam tão fácil umas às outras? Estão só passando o tempo e, nesse passar o tempo, acabam criando uma falsa intimidade, um envolvimento que depois vai embora? E se um dos dois se envolver de verdade... o problema é de quem se envolveu, né?
Outro dia, fui a um barzinho e vi um casal. Alguém perguntou se eles eram namorados. Eles responderam: “Nas últimas 24 horas, sim”. Fiquei olhando aquilo e pensando quantas vezes entramos nesse tipo de relação só para matar o tédio. E, depois, se alguém se machuca, azar o dele.
Nosso tédio pode levar — e levar o outro — a uma ruína emocional. Será que sabemos disso? Ele causa muitos problemas, traumas e dores que, mesmo depois de vividos, permanecem como fantasmas. Afinal, você pode ferir alguém enquanto tenta matar seu tédio. E o contrário também: pode ser ferido por alguém que, no fim das contas, só estava entediado. Essa pessoa provavelmente não vai avisar que está entediada. Muito provavelmente, ela vai viver o flerte, o momento — a gente gosta disso, né? Viver o momento... — e só depois vai perceber o estrago e o impacto. E você, se tiver se envolvido, já era: game over. Vai ter que superar sozinho.
Talvez, no fim das contas, a gente precise estar mais ocupado de verdade, em vez de tentar se ocupar com os outros. Mas e se o problema não for o tédio, e sim a ilusão de que relacionamentos deveriam ser sempre fáceis, intensos e isentos de rotina?
Pode ser que o fogo que tanto buscamos não esteja nas faíscas instantâneas, mas na capacidade de acender lenha molhada — aquela que exige paciência para pegar fogo, mas que dura a noite toda. O amor dos 17 anos ardia porque era novidade; o dos 30 queima devagar, porque aprendeu a economizar combustível.
Enquanto isso, seguimos nos perguntando se é “fic ou realidade”, como se a vida fosse um app com duas opções. Mas e a terceira: a de que, às vezes, a gente só precisa parar de apertar “notificar” e começar a acender fósforos de verdade — mesmo que eles queimem os dedos.
E você: já se perguntou quantas das suas conexões são só tédio disfarçado de desejo?
Só um último alerta: um dia, a notificação, o like e o comentário podem ser a única coisa que sobrou do incêndio que você insistiu em chamar de amor.
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