Quantos 'sim' vieram disfarçados de 'não'?

Engolir cafés amargos e encontrar o doce depois é uma sabedoria que leva tempo...

| foto: oticacotidiana - feito com IA

Numa terça-feira qualquer, lá pelas 9 da manhã, quando o café ainda está sendo absorvido pelo seu sangue, gerando energia pra lidar com a vida como ela é... e... então... um “não” é lançado em sua direção. Tão rápido que seus reflexos instintivos não foram capazes de te defender. As bases tremem. Você não entende como foi parar ali e, do nada, está repensando toda a sua vida em meio à água fria jogada no seu rosto, confundida com suas próprias lágrimas.

O “não” você recebeu de alguém, da vida, de um sonho ou expectativa. Pouco importa de onde veio. Ele vai ecoar em você e talvez até vire um fantasma, capaz de te assombrar quando você estiver no banho ou em qualquer momento de distração ou vulnerabilidade. Um fantasma de um “não” às vezes só desaparece quando você consegue encontrar um significado menos traumático do que aquele que foi imposto a você.

O "não" recebido está ali, incrustado no seu emocional, pronto pra te assustar e até te paralisar. Ele força você a abraçar a tristeza e uma mistura de sentimentos que fervilham com velocidade e intensidade capazes de gerar revolta e vontade de gritar verdades: aquelas que você acredita ou aprendeu a enxergar como verdade. “Eu não merecia isso!”, “Eu sou uma pessoa tão boa...”, “Não quero mal a ninguém...”, “A vida está sendo muito injusta comigo!”, “O que é preciso fazer para o vento soprar a meu favor?”, são algumas das perguntas que te acompanham por um tempo.

Com o passar dos dias, as nuvens se dissipam e uma camada de lucidez se forma. As lembranças, experiências e dores começam a ganhar sentido. O “não”, de repente, se torna um marco, o momento da virada para que algo pudesse acontecer. Foi num dia qualquer que você notou: as oportunidades que chegaram te levaram para um lugar melhor. Aquele era um "sim" disfarçado de café amargo, mas que, quando você terminou de beber, deixou uma sensação e um gosto melhores do que você foi capaz de perceber no início. O nosso paladar precisa de um tempo pra apreciar alguns sabores da vida, você já percebeu?

A grande sabedoria, talvez, esteja em saber identificar quando um “não” é um “sim” por trás da dor. E entender que você não precisa sofrer tanto por isso, mesmo quando eles forem aprendizados que não levaram a lugar algum. Quantos “nãos” eu recebi nos últimos anos e demorei para perceber que aquilo era um movimento orquestrado para eu mudar algo dentro de mim; da minha visão de mundo, ressignificar ou traçar novas rotas para os meus sonhos? Que aqueles “nãos” em relacionamentos eram um convite para viver algo que um “sim” dificilmente me proporcionaria?

Diante de tantas mudanças e contrastes, a gente aprende a ser alquimista, a reinventar, ressignificar. Mas não no sentido romântico, envernizados de gratidão e luz, com frases bonitinhas e da calmaria. Não é todo dia que vamos encontrar sentido e leveza em um “não”, ainda que ele seja uma bênção. Haverá dias em que vai doer, e você tentará, de alguma forma, transformá-lo em um “sim” para se manter no que é conhecido e confortável. Não há nada de errado nisso. O que talvez seja importante é saber a hora certa de deixar ir, de refazer a rota rumo ao que realmente interessa e ao que deve fazer sentido para aquilo que você acredita merecer.

Aprender que não precisamos sofrer por todos os “nãos” não significa que não vamos sofrer. Significa que adquirimos sabedoria para sofrer só o necessário, pelo que está fora do nosso controle. Uma racionalidade que conforta e transforma.

E, naquela posição desconfortável, no tapete puxado, no tombo diante da realidade, você descobre que, no final das contas, o que parecia o fim, talvez, seja apenas o início de algo melhor ou... ou só a vida te mostrando que você é capaz de seguir em frente muito mais vezes que imagina. 

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