Você respeita o desinteresse do outro?

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Vou te contar uma verdade que talvez você saiba, mas ainda tem dificuldades para entender: só sofre nas relações quem não respeita o desinteresse do outro. Calma, vou te explicar o que quero dizer.

De início, é preciso entender que há um limite para tentar fazer algo acontecer. Já ouviu falar que é dando que se recebe? Pois bem. Por detrás desse ditado há toda uma ciência exata, quando a gente olha para os relacionamentos, seja ele qual for. Não é que as coisas precisem ser perfeitamente simétricas, afinal, todos nós sentimos e demonstramos sentimentos de formas diferentes, mas se você dá e recebe desprezo ou desinteresse, é um claro sinal de que algo não está saudável.

Talvez você demore para entender que quanto mais você se esforça para a coisa acontecer, mais você se esvazia de sentimentos, a ponto de deixar de se priorizar e de gostar de si - afinal, sempre tendemos a procurar defeitos em nós mesmos quando vivemos a rejeição do outro; com o tempo, paramos de ver belezas e coisas boas em nós.

Se você não sente verdade numa relação, se não há sentimento mútuo, sinceramente, o que você espera colher de todo esse esforço? Porque sabemos que provavelmente vai receber mais desinteresse e frustração para se sentir ainda mais culpada e insuficiente.

Claro que todo esse processo de aceitação não é palatável e fácil de aceitar, mas creio que seja uma questão básica de sobrevivência de qualquer relação que se venha ter. A gente sofre menos quando entendemos e damos - no sentido figurado, porque não nos compete poder algum de dar isso a alguém - ao outro o direito legítimo de estar desinteressado no que a gente tem para dividir. E devíamos agradecer pela sinalização do outro para enfim seguir em frente sem culpa e paranóias. É melhor que a gente consiga ler o que o outro está dizendo para nós, com todas as letras e ações, do que se iludir fantasiando um lugar na vida do outro que nunca vai existir.

A gente sofre tentando se encaixar, tentando fazer com o que o outro nos aceite e nos queira como somos, mas não entende que nunca foi interesse do outro nos aceitar como somos. Então qual sentido de correr atrás? Qual sentido de fazer de tudo para algo acontecer? O outro nunca quis e você vai seguir sofrendo tentando impor para um sentimento que deveria ser espontâneo.

Agradeça pelo que o outro foi capaz de transparecer para você, porque é isso que te libertará de uma ilusão. Quando alguém não está interessado no que a gente tem para dividir, a gente tem que valorizar o que somos e seguir adiante sem se amargurar por isso. Leva tempo assimilar e praticar tudo isso, eu sei. Se tiver na dúvida, lembre sempre que quem perde é o outro que não vai ter o que você tinha para oferecer, e isso que você tem com certeza é único.

Quando enfim aprendemos a respeitar o desinteresse do outro, nos libertamos. Já não é preciso viver um personagem para agradar alguém e nem é preciso forçar sentimentos. Essa liberdade para ser como é e se relacionar com o outro é tudo que você precisa para ter relações mais saudáveis e verdadeiras. Não force. Deixa para dividir o que você tem de melhor com quem vai apreciar e, acredite, não vai doer nada se relacionar com quem nos quer por perto.

  


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