Atravessar

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Atravessar o rio
O rio, que nunca é o mesmo
E a travessia, também não

Atravessar pela ponte,
Ou a nado, com nada,
Com nada além do que importa

Atravessar por portas
Sem bater ou conhecer o que há nelas
Apenas pela intuição, seguir por direções

Atravessar o rio é viver a vida em sua essência
Inevitavelmente, não se leva tudo nessas travessias
Mas se leva o suficiente para viver o outro lado melhor

Atravessar é como acordar de um sonho
E perceber que o que se tinha ficou do outro lado
E o que ficou é o que tocou o coração

Toda experiência é um ponto de transformação

Atravessar é mudar, acreditar, encarar
Porque a mudança vai deixar algumas marcas
E algumas delas precisarão ser superadas ou deixadas do outro lado

Atravessar é deixar no passado
Ou em cada fragmento de tempo, (re) sentimentos
É deixar ir sem ter medo do vazio
E deixar que o vazio se torne algo novo

Atravesse rios só
A nado, a pé, pela ponte
Deixe do outro lado o que precisa ficar

Encare essa travessia como começos e recomeços
Porque haverá sempre
Um rio diferente para cada travessia
Porque haverá sempre
Um novo ser que atravessa e se transforma em cada uma das travessias

Você é alguém que precisa
Encarar as próprias travessias
Você é alguém que
Sabe que algo está diferente e que precisa aceitar as mudanças
Você é alguém que
Sabe que precisa deixar do outro lado um punhado de coisas para se encontrar outra vez

Atravesse e encontre-se
Aceite e atravesse
Atravesse o seu rio
Em seu tempo

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