Amores platônicos


Amores platônicos não acabaram. Hoje, século XXI, ainda são frequentes e provavelmente você já experimentou algum


Tudo começa com a percepção de detalhes interessantes no outro. Nesse olhar, está embutido, ainda que sutil, a atração. Mas aí vem o problema, que geralmente assombra pessoas ao pensar: ‘ah àquele observado nunca olharia para uma pessoa como eu, porque sou isso, aquilo e aquilo mais’.
Daí tudo caminha para isso: pensar que nunca poderão ficar juntos. Curioso é que nem sempre é verdade, mas por pensar assim o amor acaba por ficar ainda mais oculto e distante. Depois de um tempo, notará que parcialmente passou. Como nada é definitivo, ainda restará um pouco do desejo, que na verdade pode ser uma frustração por não ter conseguido se aproximar daquela pessoa. Parece que irá ficar sempre no ar um poderia ter acontecido, demonstrado de diversas formas.
A insegurança é algo completamente normal, sobretudo quando se gosta de alguém. Mas fazer dela um amor platônico é abrir uma porta para sofrer. Principalmente quando falamos daqueles que gostam em silêncio de uma pessoa por muito tempo, mas nunca se declaram e deixam tudo passar. Passam-se anos e anos e aquele mesmo amor platônico no ar. Sufoca. Não é fácil se declarar para alguém, claro, mas sofrer por não tentar deve ser mais difícil ainda. Ao não experimentar um relacionamento ou ao desconhecer a personalidade de alguém, cria-se uma imagem muito maior do que a realidade.
Quanto medo... Quanta insegurança... Quanta passividade...
Pior mesmo são àquelas pessoas que ainda alimentam aquele pensamento arcaico-preconceituoso de que a beleza física de um tem de merecer a do outro. Por exemplo, Fulaninha é uma sujeita considerada bonita e começa a namorar um rapaz diferente, mas muito especial para ela. Mas logo começam os comentários das pessoas ao redor, de que Fulaninha é bonita demais para ele. O rapaz sem perceber, pode acabar desenvolvendo o sentimento de inferioridade ou culpa, podendo até terminar o namoro. Um exemplo banal, que vale para todas as relações, além de presente na cabeça de uns, mesmo quando acham que não.
Honestamente acredito que o amor não é algo que deva ser regulado e controlado, sobretudo por um conceito tão mesquinho quão é esse de beleza. As pessoas se relacionam de acordo com a atração, não por medição de aceitação social. Conceitos de atração são subjetivos, exceto para as pessoas que consideram tudo em uma revista ou desfile, como o perfeito e real.
Vem ai outra questão: e a beleza versus relacionamentos versus solidão? Creio que tantas pessoas a procuram tanto, porque sentem medo de ficarem sozinhas. Já que precisam ser observadas e desejadas como tudo que é mostrado em uma capa de revista. Cria-se aí o medo de não encontrar alguém, por ser tão diferente. Olha aí a insegurança novamente dando a sua participação. E quiçá uma das origens dos amores platônicos.
É como envelhecer. As pessoas sentem mais medo de uma velhice solitária do que de uma com drásticas mudanças físicas. É o amor falando mais alto e a fobia de encontrar a solidão. Às vezes, sem perceber, distanciamos o amor que tanto desejamos receber.
Paixão, amores platônicos, sentimentos... Tão presentes e tão ocultos. Uma dor silenciosa que assombra muitos corações, afinal de contas, quem gosta de viver de sofrimentos e ilusões?

            


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