Big bang

| foto: pixabay

Sinto que atravessei um portal e acessei um universo completamente diferente. E, por mais assustador que tenha sido essa passagem, ela representou um caminho sem volta. Nada, absolutamente nada, poderá ser como antes. Algo mudou intimamente no meu eu a ponto de nada do que eu fazia antes, no outro universo imaginário que vivia, faz sentido.

Isso, automaticamente, evoca o sentimento muito grande de transformação. De mexidas e investidas de alto risco e impacto. É literalmente um novo universo em construção. Estou poucos segundos depois do big bang pronto para criar novos mundos.

Tudo tem um lado assustador, em certa medida. Há muita escuridão e há muita luz para preencher espaços vazios. Parte de mim quer explorar tudo isso, quer criar, transmutar. Outra parte, tenta entender como tudo aconteceu tão rápido a ponto de me perguntar se alguma coisa desse caos realmente vai fazer sentido mais adiante.

Não há respostas concretas nesse primeiro momento. Só há em mim a certeza de que tudo mudou. Nada será como antes, nada pode ser como antes. A descoberta desvirgina a inocência e o reconhecimento do nosso lugar do mundo. Preciso, mais do que nunca, me habituar a esse novo ser, me acostumar a essa nova versão sem sofrer com as comparações com a antiga. O lado reconfortante é que este novo ser se mostra muito mais preparado para viver o que precisa ser vivido daqui pra frente.

Posso ouvir algumas explosões em meu entorno. São as relações, fatos e certezas ruindo drasticamente, em uma sintonia de uma música clássica. Minha nova versão diz: tá tudo bem, deixa que quebrem, deixa que eles também se transformem. Para quem está de fora, tudo pode parecer desconexo. Pouco importa agora. Me sinto forte para seguir adiante e a encarar esse novo universo em que fui misteriosamente jogado para construir.

Não há nada de ruim em construir tudo de novo se as bases e estímulos são nobres. Então, daqui para frente, só consigo pensar em um sentido para tudo isso: ser feliz. “E você não era feliz antes?”, podem me perguntar. A resposta é um grande talvez. Quando se vive no automático, tudo pode parecer morno, normal. Mas, quando se atravessa uma porta em que descobre o amor, a felicidade e um sentido maior para a vida, se sente que o que se vivia era tudo menos alegria genuína.

Descobrir sentimentos e sentidos que sequer sabia que existiam é um presente do universo para se conectar com sua jornada, seu destino maior. Assim, tocado pela descoberta de que nada fazia sentido, porque nada era voltado para o meu eu verdadeiro ser feliz, me pego encarando esse novo universo. Encaro ele com brilho nos olhos.

É um universo único, todo meu. Ele vai me fazer feliz de verdade. Finalmente poderei ser eu, finalmente posso me encontrar para sair da apatia. Quem tiver ao meu lado, pode ter certeza: será necessário apertar os cintos, porque os movimentos começaram. Em resumo, é hora de entregar o proporcional ao que recebo. É hora de priorizar meu eu, minha essência e sonhos. É hora de dizer para o mundo: pouco importa o que você tem a dizer sobre mim ou me julgar. É hora de encarar o que precisa ser encarado e construir o que precisa ser.

Vai dar tudo certo, por mais confuso e tumultuado que possa ser esse processo, como qualquer grande projeto do tamanho que é o de um universo. Sempre dá. Quem viveu o que vivi, é capaz de absolutamente tudo. E quem tem uma história que precisa ser reescrita por inteiro, não precisa temer descobertas, finalizações e mudanças.

Tudo é um grande, assombroso e extraordinário recomeço. 

  

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