Deixando ir
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E vou deixando ir. Deixando ir uma parte minha que acreditei ser sólida. Vou deixando ir sem temer o amanhã. Sem temer a nova versão que se avizinha e a minha própria verdade. Me orgulho dela, ela é tudo que tenho.
Vou deixando ir partes que representam dor. Vou condicionando para as feridas condições para que virem cicatrizes. Vou deixando ir, sem pressa e pressões sociais. No meu tempo.
Até o dia que enfim me dou conta de que curei o que precisava ser curado. Agora já não faz mais sentido pensar no que me traria tristezas e inseguranças sentimentais. Agora já não faz sentido alimentar um amor que nunca vai ser mútuo.
Quando a gente entende o nosso tamanho, passa a saber o que quer e o que julga merecer. Tal descoberta só tem validade quando provamos da experiência de sentir o tempo passar. E ele passa friamente deixando marcas em você. Na cartasse de aprender a se conhecer e reconhecer, há beleza em conquistar a confiança em si. Há beleza em se encantar com a própria sabedoria. Essa, enfim, é a sua verdade.
Já não preciso mais caber na viela condicionada pelo outro. Esta é a certeza que surgiu em meio ao meu horizonte e que foi capaz de mudar radicalmente tudo. Agora sei que tenho um mundo inteiro para explorar e me apaixonar. Então, por que deveria caber em lugares que me reduzem quase ao pó?
Não há mais razões para diminuir quem sou e o que sinto. Não há razões para ter vergonha da minha própria história e sabedoria.
E vou deixando ir, vou deixando você ir.
E vou deixando ir, vou deixando você ir.
Para, enfim, me reencontrar com a minha melhor versão.
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