Muralhas

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Ela chegou a um estágio da vida em que não conseguia mais lidar com disfarces. Nem os seus e nem com os de quem se relacionava. Agora com quase 40, o tempo começara a lhe ser injusta. Já não podia mais fazer de conta que lida bem com a solidão, já não pode mais fingir ter esperanças de que encontrará alguém.

A essa altura do campeonato, após idas e vindas em relacionamentos, ela só desejava se livrar de máscaras e concepções que fora induzida a manter ao longo de sua existência. Ela desejava alguém que não usasse disfarces, que lhe oferecesse os sentimentos crus, sinceros e reais, não mais àqueles baseados em convenções e, portanto, ocultados em disfarces.

Todas as noites ela se perguntava se estava pedindo muito. Mal sabia, que através da solidão a cada noite, ela começara a criar muralhas de proteção. Muralhas que lhe pareciam segurança, mas que eram a sua maior e silenciosa prisão. 

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