O mundo através da janela
Quando era criança e não
alcançava a janela para ver o mundo com os meus próprios olhos, sempre pedia
para os meus pais me contar como era este lugar que vivia e sabia tão pouco.
Contavam-me histórias sobre a natureza, sobre o que há de bom. Me desdobrava a
imaginar, junto com os meus livros, o que seria este universo que ainda não poderia
ver.
Tudo parecia tão distante de mim,
mas ainda sim fazia parte dele. A curiosidade era fora do comum, quase sempre
tentava alcançar a janela para ver fragmentos materiais deste mundo. Não queria
caixotes nem nada do tipo. Sempre desejei alcançar o mundo com os meus olhos,
sustentado pelos próprios pés. Espontaneamente.
Tudo que eu via era o céu. Os
desenhos das nuvens pareciam dançar em harmonia naquele infinito azul claro. As
estrelas durante a noite potencializava a minha vontade de explorar e
descobrir. O que há além do que não
consigo ver? O que há além do que não consigo compreender? Este era o meu
combustível para sonhar, posso criar o mundo que eu quiser.
Não que eu não conhecesse o mundo
real, saia de casa várias vezes, tinha amigos e rotina. Mas o que eu sentia
falta era de vê-lo do alto com os meus próprios olhos, com o meu próprio
esforço. Encontrar a minha percepção
do horizonte.
O tempo foi passando e quando
finalmente cresci e pude ver com os meus próprios olhos este mundo do alto,
descobri muito mais do que um dia imaginei. Diferente dos livros, mas tão
material quanto os mesmos. Aos poucos e aos muitos fui percebendo que há de
tudo aqui. Esse mundo não é apenas a ilustração daquelas palavras dos livros e
nem os comentários e histórias faladas sobre ele. É muito mais.
As pessoas sempre tentaram me
proteger por conta dos perigos reais e imaginários deste mundo, mas se a
percepção de perigo não fosse minha, porque vi com os meus próprios olhos, não
seria a mesma coisa. Precisamos compreender
para crer. Por mais real que seja as definições do mundo ou de qualquer coisa,
a gente sempre precisa ver com os nossos próprios olhos. Ver o visível no
invisível. A nossa percepção nunca deve ser única e imutável. O mundo é
absurdamente imenso para limitações. E os perigos podem não estar
necessariamente no mundo a fora, mas dentro do que seus pensamentos são capazes
de fazer consigo e com o universo.
Ainda não conheço nem metade de
tudo, mas sei que o conhecimento com os meus próprios esforços, de uma forma ou
de outra, jamais deixarão de existir. Os olhos que veem além da janela precisam
ser os meus.
#Footnote:
Há momentos em que ficar quieto no canto é uma constante necessidade, ainda que não consigam compreendê-la.
''Os olhos que veem além da janela precisam ser os meus.'' Muito bom!
ResponderExcluirObrigado Tea, pelo comentário!
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado, volte sempre que desejar, será sempre bem vinda =)