Conspiração: Parte III



  


AVISO: Este conto é um texto puramente fictício. Todos os personagens e situações envolvidas foram criadas. Qualquer semelhança é mera coincidência. 

   

III

Eis que dou boa tarde e apresento o bilhete eletrônico de passagem na catraca. Para meu tremendo azar apareceu à mensagem ‘cartão inválido’. Sempre quando algum de nossos cartões não passa pedimos para tentar pelo menos mais duas vezes, não é? E no fundo sabemos que a chance de dar certo é muito pequena. Pois bem, tentei umas dez vezes. O cobrador me olhou dos pés a cabeça com um sorriso amarelo provavelmente pensando: esse pobre aí não tem dinheiro para o ônibus, vai ter que descer. Ao perceber a malícia dele, retirei os meus únicos 20 reais do bolso, que pagaria o curso da minha prima e entreguei-o. Passei na catraca triunfando.

– Não tem troco, aguarde ali que quando tiver te darei.
– Tudo bem, mas o dinheiro fica comigo. – pego o dinheiro da mão dele e continuo: – Quem me garante que o senhor vai me lembrar? E quem me garante ainda que não vai se esquecer sem querer? E mais ainda: se este ônibus for assaltado e eu perder o meu dinheiro, porque o senhor simplesmente não teve troco para me dar? Você vai se responsabilizar? Garanto que não! Pois o interesse é seu, estou ali sentado naquele lugar. – aponto.
– Quando tiver meu troco, me procure. Passar bem, obrigado.

O cobrador ficou sem palavras, obviamente. Provavelmente por sentir a entonação das palavras e claro, por me ver de óculos escuros e de guarda chuva. Pensou: é um ser do outro mundo. Muito paradoxo para uma pessoa só. E então eis que uma mão me cutuca, enquanto faço cara de paisagem. Era ele com o meu troco. Agradeci e desci no meu ponto.

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