Foto Instantânea

lembranças instantâneas perdidas no coração | foto: oticacotidiana


Algumas pessoas entram em nossas vidas para nunca realmente ficar, e para nunca totalmente ir embora. É assustador, porque nutrimos, no íntimo, a vontade de que as coisas não tenham fim. Não sabemos ao certo como, quando ou por que esses encontros acontecem. É engenharia do universo e seu humor duvidoso? Talvez.

Mas quando há memórias boas, algo permanece. E retorna num flash qualquer, num domingo à tarde aleatório de céu baixo, quando encarar a segunda-feira parece um fardo tedioso.

No entanto, eis o golpe: tudo isso é apenas um fragmento de lembrança. Uma lasca de tempo que evapora da mesma forma súbita e calorosa como surgiu. É curioso pensar que certas pessoas serão sempre isso: um vestígio, um quentinho no coração. Um rascunho de tentativa. O esboço de uma possibilidade que não se completou. O mapa inacabado de um lugar a que nunca voltamos. Algo que poderia ter sido grande, verdadeiro, expansível. Quando alguém ocupa esse lugar do quase, ela carrega para sempre o status de "como poderia ter sido". Como seria se fôssemos mais do que uma memória parada no tempo?

Queria entender o motivo de encontros, por vezes únicos, serem capazes de deixar ecos. E não falo só dos amorosos. Pode ser a conversa com uma senhora na fila do banco, cujo olhar e fala trouxeram uma quietude boa que te marcou. Mas, especificamente nos encontros de conexão, esse eco é diferente: ele empurra, tensiona. Lembra que o tempo corre violentamente e que, apesar de único e tocante, aquele momento é infinitamente menor do que uma história de vários capítulos.

Tudo, ainda assim, não passa de um fragmento.

Então, há pessoas que chegarão, se acomodarão e partirão. E serão apenas isso: uma tentativa de lembrança. Uma tentativa de existir para além daquela foto instantânea, daquelas horas, daquele tempo preso em um dia ou ano específico. Elas vêm para nos lembrar que certos pedaços anseiam se tornar narrativa, mas não conseguem, porque lhes falta continuidade. E percebemos, tarde, que a culpa da descontinuidade talvez não tenha sido do tempo, mas do nosso próprio medo. Medo de fazer daquela tentativa uma verdade.

E assim seguem, esses quase-rostos, guardados não apenas na galeria do celular - à espera de uma notificação aleatória -, mas na gaveta das coisas sem nome, dos sentimentos questionáveis e insistentes. Lugar onde o eco do possível ainda ressoa mais alto que a voz da entediante racionalidade que tenta entender o que, no fim, simplesmente ficou suspenso no coração.

  

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